domingo, 7 de setembro de 2008

A Exaltação da Santa Cruz

Segundo piedosa tradição Santa Helena, mãe do imperador Constantino encontrou a Cruz de Cristo em Jerusalém. Com o termo exaltação, a festa passou também para o Ocidente, e a partir do século VII comemora-se a recuperação da preciosa relíquia por parte do imperador Heráclio em 628; pois a Cruz de Cristo foi roubada 14 anos antes pelo rei persa Cosroe Parviz, durante a conquista da cidade Santa de Jerusalém.Perderam-se definitivamente todas as pistas em 1187, quando foi tirada do bispo de Belém.A glorificação de Cristo passa através do suplício da Cruz. Cristo submeteu-se à humilde condição de escravo e o suplício infame transformou-se em glória perene. Assim a Cruz torna-se o símbolo e o compêndio da religião cristã.A evangelização, efetuada pelos apóstolos é a simples apresentação de Cristo Crucificado. O cristão, aceitando esta verdade, é crucificado com Cristo, isto é, deve carregar diariamente a sua cruz, suportando injúrias e sofrimentos, como Cristo. Tertuliano († 200) atesta:“Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, quando nos lavamos, quando iniciamos as refeições, quando nos vamos deitar, quando nos sentamos, nessa ocasiões e em todas as nossas demais atividades, persignamo-nos a testa com o sinal da Cruz” (De corona militis 3).S. Hipólito de Roma (†235), descrevendo as práticas dos cristãos do século III:“Marcai com respeito as vossas cabeças com o sinal da Cruz. Este sinal da Paixão opõe-se ao diabo e protege contra o diabo, se é feito com fé, não por ostentação, mas em virtude da convicção de que é um escudo protetor. É um sinal como outrora foi o Cordeiro verdadeiro; ao fazer o sinal da Cruz na fonte e sobre os olhos, rechaçamos aquele que nos espreita para nos condenar” (Tradição dos Apóstolos 42).As Atas dos Mártires, por sua vez, dão a saber que os mártires se persignavam com o sinal da Crus antes de enfrentar a luta final.Oração de São Bento"A Cruz Sagrada seja a minha luz, não seja o dragão o meu guia. Retira-te, satanás! Nunca me aconselhes coisas vãs. É mal o que tu me ofereces. Bebe tu mesmo os teus venenos!"Oração de São Francisco"Senhor Jesus Cristo, nós vos louvamos e bendizemos porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo” Porque Jesus morreu na Cruz?Santo Antônio, Doutor do Evangelho: “Porque Adão no paraíso não quis servir ao Senhor (cf. Jr 2,20), por isso o Senhor assumiu a forma de servo (cf. Fl 2,7) para servir ao servo, a fim de que o servo já não se envergonhasse de servir ao Senhor.”"Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras" (1Cor 15,3). Por sua obediência de amor ao Pai, "até a morte de cruz" (Fl 2,8), Jesus realizou sua missão expiadora do Servo Sofredor que "justificará a muitos e levar sobre si as suas transgressões". “Carregou os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro para que, mortos aos nossos pecados, vivamos para a justiça. Por fim, por suas chagas fomos curados” (Is 53,5).“É ele que nos perdoou todos os pecados, cancelando o documento escrito contra nós, cujas prescrições nos condenavam.Aboliu-o definitivamente, ao encravá-lo na cruz. Espoliou os principados e potestades, e os expôs ao ridículo, triunfando deles pela cruz.” (Col 2, 13-15)“Quem quiser ser meu discípulo tome a sua cruz, a cada dia, e siga-me” (Lc 9, 13)“Se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto” (Jo 12,24b). Cada um tem a sua cruz.§599 – “A morte violenta de Jesus não foi o resultado do acaso um conjunto infeliz de circunstâncias. Ela faz parte do mistério do projeto de Deus, como explica São Pedro aos judeus de Jerusalém já em seu primeiro discurso de Pentecostes: "Ele foi entregue segundo o desígnio determinado e a presciência de Deus" (At 2,23). Esta linguagem bíblica não significa que os que "entregaram Jesus" tenham sido apenas executores passivos de um roteiro escrito de antemão por Deus. §600 - Para Deus, todos os momentos do tempo estão presentes em sua atualidade. Ele estabelece, portanto, seu projeto eterno de "predestinação" incluindo nele a resposta livre de cada homem à sua graça: Deus permitiu os atos nascidos de sua cegueira [Pilatos, Herodes, doutores, etc.], a fim de realizar seu projeto de salvação. "Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que, por ele, nos tornemos justiça de Deus" (2Cor 5,21). "Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima de expiação por nossos pecados" (1Jo 4,10). "Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda pecadores" (Rm 5,8). Os sofrimentos de cada membro da Igreja contribuem para a redenção dos homens, e garantem a participação de cada um na glória do Ressuscitado.“Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja”. (Col 1, 24)“Eis uma verdade absolutamente certa: Se morrermos com ele, com ele viveremos.” (2Tm 2, 11)Gl 6, 14: “Quanto a mim, não aconteça gloriar-me senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo”.O sinal da Cruz é o sinal dos cristão ou o sinal do Deus vivo; “Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que tenhamos assinalado os servos de nosso Deus em suas frontes”. (Ap 7, 3).Nossa Senhora das Dores – 15 de setembroNossa Senhora das Dores recebe no colo o filho morto apenas tirado da cruz. Maria está de pé (stabat) aos pés da Cruz. É o momento culminante da Redenção. Cristo sofreu a Paixão; Maria sofreu a com-paixão. “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa”. (Jo 19,25-27) É junto à Cruz que a Mãe de Jesus crucificado torna-se a Mãe do Corpo místico de Cristo, a Igreja, nascido da Cruz. Nós somos nascidos enquanto cristãos, do mútuo amor sacrifical e sofredor de Jesus e Maria.“Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma”. (Lc 2, 34-35)“Faça-se em mim segundo a tua palavra.” Como mãe, Maria assume implicitamente os sofrimentos de Cristo, em cada momento de sua vida. A Pietá de Michelangelo exprime toda a dor da Mãe. As sete dores de MariaA devoção, que precede esta celebração litúrgica, fixou simbolicamente as sete dores de Maria narrados pelo Evangelho: 1 - a profecia do velho Simeão;2 - a fuga para o Egito,3 - a perda de Jesus em Jerusalém;4 - o caminho de Jesus para o Gólgata, 5 - a crucificação e morte de Jesus;6 - a deposição da cruz;7 - a sepultura. O martírio de Maria é o martírio do Redentor.Desde o século XV encontramos as primeiras celebrações litúrgicas sobre a compaixão de Maria aos pés da cruz, colocada no tempo da Paixão ou logo após as festividades pascais. Em 1667 a Ordem dos Servitas, inteiramente dedicada à devoção de Nossa Senhora (os sete santos Fundadores no século XIII tinham instituído a “Companhia de Maria Dolorosa”) obteve a aprovação de celebração litúrgica das sete Dores da Virgem, que durante o pontificado de Pio VII foi acolhida no calendário romano e lembrada no terceiro domingo de setembro.Pio X fixou a data definitiva de 15 de setembro, conservada no novo calendário litúrgico, que mudou o título da festa para uma “memória”: não mais Sete Dores de Maria, mas Virgem Maria Dolorosa.
Fonte: www.cleofas.com.br

Nenhum comentário: